sexta-feira, 25 de julho de 2014

Planeta dos Macacos: O Confronto



Eu sempre achei que os macacos eram melhores que os humanos. Agora vejo que são muito parecidos”. 

O líder de um império precisa ser inteligente, ter pulso forte, ser distinto e ao mesmo tempo complacente para com o seu próximo e, sobretudo, saber arquitetar táticas de guerra com destreza e maestria. Essas foram as características que César (Andy Serkis) adquiriu ao longo de Planeta dos Macacos: A Origem, as quais permitiram que ele reunisse forças para combater os humanos opressores e se tornar digno de conquistar o reinado dos primatas. 

Com a chegada de Planeta dos Macacos: O Confronto, a continuação do prelúdio da obra de Pierre Boulle, fica consolidada a eficiência com que César direcionou a sociedade dos símios; agora eles possuem leis, ensinam linguagem aos mais novos, e tiveram avanço no que diz respeito à caça e medicina. Entretanto, infortúnios sempre estão à espreita, e se a história da humanidade revela que impérios caíram por causa de fraquezas internas, com os chimpanzés não poderia ser muito diferente.


Paralelamente ao avanço dos macacos, o enredo também revela o declínio dos humanos. Após os eventos do primeiro filme, um vírus se alastrou pelo mundo e os únicos sobreviventes são aqueles imunes à contaminação. Com o risco de perder energia para sempre, um grupo liderado por Dreyfus (Gary Oldman) vai à busca daquela que pode ser a última alternativa, mas acabam cruzando o caminho de César e, mesmo que o primata almeje a paz, o confronto se desenrola de maneira iminente e irrefreável. 

Há grandes mudanças com relação à produção do antecessor. A diferença começa com a direção; sob a competência de Matt Reeves, que fez fama em Cloverfield, O Confronto ganha nuances mais sombrias e dramáticas e traz consigo questões de teor social. É possível identificar no roteiro relações de poder, conspiração, darwinismo, o retorno do filho pródigo, elementos shakespearianos e talvez os cinéfilos mais atentos consigam ver alguma semelhança com O Rei Leão. O elenco dos humanos, todos novatos, está formidável e demonstra que é uma peça fundamental dentro deste universo.


A esfera técnica também se destaca. É notável que a captura de movimento evoluiu consideravelmente do primeiro filme para cá, e boa parte dessa percepção se deve à belíssima performance de Andy Serkis; o ator, que já atuou como Gollum em O Senhor dos Anéis, reprisa o papel de César atribuindo ao primata expressões tão profundas que é quase impossível o espectador não se compadecer nas situações adversas. 


E se a apoteose de Planeta dos Macacos: A Origem ocorreu na batalha da ponte Golden Gate, aqui também há o sublime rastro de conflitos, porém, a chave reside nas relações de confiança e nos dilemas. Assim como um bom imperador, César prova sabiamente o porquê de merecer este cargo e precisa tomar decisões para a preservação da sua raça e também para a guerra que se aproxima. Pois, de acordo com um dos preceitos símios, macacos juntos são mais fortes. E com certeza não se tem mais dúvidas quanto a isso.

Trailer:

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Dia do Amigo 2



Mais um 20 de julho se aproxima e, como vem acontecendo há alguns anos por aqui, a data não pode passar em branco. Acima está o vídeo de 2014; são poucos minutos, mas o importante é o significado.

Feliz Dia do Amigo!

"O amigo ama sempre e na desgraça ele se torna um irmão" - Provérbios 17:17.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Cidades de Papel



Na minha opinião, todo mundo tem seu milagre. Por exemplo, muito provavelmente eu nunca vou ser atingido por um raio, nem ganhar um Prêmio Nobel, nem ter um câncer terminal de ouvido. Mas, se você levar em conta todos os eventos improváveis, é possível que pelo menos um deles vá acontecer a cada um de nós. Eu poderia ter presenciado uma chuva de sapos. Poderia ter me casado com a Rainha da Inglaterra ou sobrevivido meses à deriva no mar. Mas meu milagre foi o seguinte: de todas as casas em todos os condados da Flórida, eu era vizinho de Margo Roth Spiegelman”. 

O norte-americano John Green parece gostar de esquadrinhar os meandros das variadas perspectivas que a juventude pode proporcionar. Em A Culpa é das Estrelas, o mote de Hazel Grace, de certo modo, é a incerteza da vida, o que a compele a traçar um rumo e aproveitar o tempo que lhe foi concebido. Em Cidades de Papel, embora o protagonista não seja portador de câncer, ele também precisa de uma razão que o faça sair da mesmice. 

Quentin Jacobsen é um adolescente que está no último ano do Ensino Médio. Diferente dos melhores amigos, Radar e Ben, ele está pouco se importando com o baile de formatura e recentemente saiu de um relacionamento. Mas ele sente uma paixão platônica por sua vizinha, Margo Roth Spiegelman, desde que ambos tinham dez anos e encontraram um cadáver no parque. 

Inesperadamente, quase nas vésperas do fim das aulas, Margo aparece na janela do quarto de Q e o convida para uma jornada noturna, repleta de planos de vingança e subversão. É durante este passeio nada convencional que Margo explica o termo “cidades de papel”, referindo-se a pessoas vazias, sem caráter e que se rendem facilmente aos padrões sociais. 

Quentin tem a certeza de que essa foi a melhor noite da sua vida e imaginou que sua rotina na escola mudaria consideravelmente. Porém, no dia seguinte, Margo desaparece e desta vez seus pais não fazem ideia da onde ela possa estar. E é aí que Q encontra seu mote: Margo deixou pistas para ele. Sendo assim, o garoto, com a ajuda de seus amigos, segue as pistas na esperança de encontrar sua vizinha antes que ela faça alguma bobagem. 

O realismo, novamente, é o elemento primordial na narrativa de Green. Se em A Culpa é das Estrelas temos a morte como uma ceifadora implacável, cercando o cotidiano dos personagens, aqui temos o olhar ingênuo – e até egocêntrico – de um adolescente a respeito de muitas coisas, em especial na maneira como enxerga as pessoas; esse olhar vai ficando mais maduro à medida que a fase adulta se aproxima e a imagem ideal da sua amada vai se desconstruindo. 

John Green utiliza Cidades de Papel para uma bela lição de moral, em que é preciso despertar para se autoavaliar e descobrir se o material do qual somos feitos é papel ou não. As conclusões que Quentin adquire ao final servem para qualquer faixa etária, pois todos, em algum momento, precisam de um estopim para perceber a importância do outro e sentir que o medo de sofrer é uma característica comum. Os fios se entrelaçam e se rompem, as raízes se aprofundam e morrem, o papel voa e segue na direção que o vento soprar. É o milagre da vida.