“Eu sempre achei que os macacos eram melhores que os humanos. Agora vejo que são muito parecidos”.
O líder de um império precisa ser inteligente, ter pulso forte, ser distinto e ao mesmo tempo complacente para com o seu próximo e, sobretudo, saber arquitetar táticas de guerra com destreza e maestria. Essas foram as características que César (Andy Serkis) adquiriu ao longo de Planeta dos Macacos: A Origem, as quais permitiram que ele reunisse forças para combater os humanos opressores e se tornar digno de conquistar o reinado dos primatas.
Com a chegada de Planeta dos Macacos: O Confronto, a continuação do prelúdio da obra de Pierre Boulle, fica consolidada a eficiência com que César direcionou a sociedade dos símios; agora eles possuem leis, ensinam linguagem aos mais novos, e tiveram avanço no que diz respeito à caça e medicina. Entretanto, infortúnios sempre estão à espreita, e se a história da humanidade revela que impérios caíram por causa de fraquezas internas, com os chimpanzés não poderia ser muito diferente.
Paralelamente ao avanço dos macacos, o enredo também revela o declínio dos humanos. Após os eventos do primeiro filme, um vírus se alastrou pelo mundo e os únicos sobreviventes são aqueles imunes à contaminação. Com o risco de perder energia para sempre, um grupo liderado por Dreyfus (Gary Oldman) vai à busca daquela que pode ser a última alternativa, mas acabam cruzando o caminho de César e, mesmo que o primata almeje a paz, o confronto se desenrola de maneira iminente e irrefreável.
Há grandes mudanças com relação à produção do antecessor. A diferença começa com a direção; sob a competência de Matt Reeves, que fez fama em Cloverfield, O Confronto ganha nuances mais sombrias e dramáticas e traz consigo questões de teor social. É possível identificar no roteiro relações de poder, conspiração, darwinismo, o retorno do filho pródigo, elementos shakespearianos e talvez os cinéfilos mais atentos consigam ver alguma semelhança com O Rei Leão. O elenco dos humanos, todos novatos, está formidável e demonstra que é uma peça fundamental dentro deste universo.
A esfera técnica também se destaca. É notável que a captura de movimento evoluiu consideravelmente do primeiro filme para cá, e boa parte dessa percepção se deve à belíssima performance de Andy Serkis; o ator, que já atuou como Gollum em O Senhor dos Anéis, reprisa o papel de César atribuindo ao primata expressões tão profundas que é quase impossível o espectador não se compadecer nas situações adversas.
E se a apoteose de Planeta dos Macacos: A Origem ocorreu na batalha da ponte Golden Gate, aqui também há o sublime rastro de conflitos, porém, a chave reside nas relações de confiança e nos dilemas. Assim como um bom imperador, César prova sabiamente o porquê de merecer este cargo e precisa tomar decisões para a preservação da sua raça e também para a guerra que se aproxima. Pois, de acordo com um dos preceitos símios, macacos juntos são mais fortes. E com certeza não se tem mais dúvidas quanto a isso.
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