segunda-feira, 4 de julho de 2016

Independence Day: O Ressurgimento


Tivemos vinte anos para nos preparar. Nunca tivemos a mínima chance”.

O cineasta Roland Emmerich é conhecido por gostar de eventos catastróficos, isso tudo porque possui em seu histórico filmes que abordam essa temática, seja por motivos naturais ou até por monstros modificados geneticamente. Mas foi na década de 1990, com Independence Day, que ele conseguiu resgatar e trazer um novo olhar para este gênero, com efeitos visuais que, para a época, eram inovadores.

Desde o início dos anos 2000 que uma sequência era cogitada. E após muita conversa e com a decisão de que Will Smith não retornaria “por ter um cachê alto demais”, Emmerich lança Independence Day: O Ressurgimento, na tentativa de reprisar o sucesso do anterior. E é uma lástima ver que, em termos de qualidade, este é bastante inferior.

O Ressurgimento não escapou do saudosismo que vem tomando conta da indústria do cinema e tem em si a mesma fórmula que Star Wars: O Despertar da Força usou; a união do elenco original com uma nova geração de atores. Vinte anos se passaram desde o primeiro ataque dos alienígenas ao planeta Terra e todo o mundo vive em paz. A ciência está mais moderna, uma vez que foi fundida com tecnologia extraterrestre. 


Um programa de defesa global foi inaugurado para o caso de novos ataques acontecerem, e David (Jeff Goldblum) é o diretor desse projeto. Ele descobre que uma das naves da primeira invasão mandou sinais para outras naves no universo, enquanto os alienígenas presos na área 51 começam a celebrar. É o anúncio do segundo ataque.


Diferente de outros filmes que Roland dirigiu, como O Dia Depois de Amanhã, 2012, e o próprio Independence Day de 1996, O Ressurgimento não sabe explorar seus núcleos, deixando-os rasos e tornando os personagens apáticos. Além de um roteiro escrito por cinco pessoas, a edição do filme também o prejudica, focando mais em cenas pirotécnicas e com demasiada computação gráfica do que no desenvolvimento dos seus protagonistas. 


Como se não fosse o suficiente, situações estapafúrdias são inseridas sem a menor preocupação em deixar o enredo coerente. De repente surge um grupo de crianças, que não se sabe de onde vieram e tampouco quem são seus pais; um cientista que passa vinte anos em coma e desperta como se tivesse dormido apenas um dia; um personagem que passa o filme inteiro servindo de alívio cômico, mas que não acrescenta nada à trama; um final que traz um gancho esdrúxulo... São somente alguns dos exemplos. Fica a impressão (e a esperança) de que em breve uma versão estendida será anunciada para pelo menos amenizar as grandiosas falhas do roteiro.   


O que se salva são poucas características de Emmerich, como as destruições em escalas épicas. O diretor também apela para a mistura de etnias, no intuito de deixar o filme mais comercializável no mercado internacional, e peca ao tentar atingir todos os públicos de uma única vez (há inclusive uma cena gay). Independence Day: O Ressurgimento deixa de lado toda a seriedade que o antecessor trazia para se transformar em um típico filme de diversão, cujo objetivo não vai além de arrancar risadas e encher os olhos com os efeitos especiais.  Tiveram vinte anos para pensarem em uma continuação, e bastou duas horas de exibição para estragarem um clássico. 

Trailer: